Para ouvir o coração é preciso fazer silêncio.
Para enfrentar a tempestade é preciso sossegar em lugar seguro e esperar o momento certo de sair. É preciso ter paciência e esperar cessar a ventania para poder ver o caminho com clareza. Assim como o pescador espera o mar acalmar-se para tirar o seu barco do cais.
Mas não é fácil. A primeira vontade é sair gritando, abrir a porta e enfrentar a chuva de uma vez por todas. E só depois avaliar que essa não foi uma boa idéia.
Ás vezes é preciso se afastar da cidade e subir até o monte para, lá de cima, verificar a tamanha beleza que se esconde sob os nossos olhos acostumados.

E assim também acontece quando mente e coração estão em uma tempestiva confusão.
É necessário parar, calar-se, fechar os olhos. Para aos poucos, lá do fundo, ouvir as primeiras palavras sinceras do coração. Nossa voz interior fala baixo, com voz suave, para que só a escutemos quando estivermos em paz. Porque só assim saberemos utilizá-la para nosso bem e escolher o caminho certo.

Perguntamos a um e a outro. O que fazer? O que você acha? Mas a resposta já existe em algum lugar dentro de nós. E ela só aparece no momento certo. Às vezes tentamos arrancá-la à força e isso, como qualquer violência, causa dor. Uma mudança brusca que assusta e que se transforma em um desafio. Como reconstruir a cidade depois do furacão?

O mundo não vai parar para você descer e o problema não vai desaparecer por estar longe. Nosso coração tem um Google Earth acoplado e vai buscá-lo onde quer que esteja. Uma questão só desaparece quando, como os mergulhadores mais corajosos, descemos ao secreto e solitário profundo de nós mesmos e a desvendamos frente a frente.

Se há o desespero, acalme-se.
Se há a dúvida, respire.
Se não consegue ver solução, feche os olhos.
E ouça o que o seu eu verdadeiro tem a dizer.

Só assim encontrará a saída.