Na vida enfrentamos um eterno dilema: planejamos nosso caminho ou simplesmente nos resta vivê-lo? A resposta não está nem tanto ao mar e nem tanto à terra, pois penso que vivemos uma mistura do que nos é planejado somado ao que pode ser modificado por nosso livre-arbítrio.

Quantas vezes traçamos planos para nosso futuro e, com o passar dos anos, vemos que nem sempre conseguimos seguir a rota traçada? Quantas “coincidências” nos levam a lugares e pessoas que são fundamentais para nossa trajetória? Inexplicável? Conforta-me pensar que no fim das contas vivemos o que precisamos para evoluir como pessoa. E nem sempre o que queremos é o melhor para este aprendizado. Uma idéia confortante mas que não deixa de nos causar a sensação de frustração muitas vezes.

Fazemos planos porque nos ajudam a ter alguma certeza, uma direção a seguir. Eles nos dão um mínimo de segurança sobre o que queremos. Mas aí cada pessoa reage de uma maneira diferente. Uns conseguem se deixar levar um pouquinho pela vida, outros querem planejar cada passo e olham muito à frente e outros se deixam levar até demais, completamente sem rumo.

Eu, por exemplo, na maioria das vezes tento calcular minhas ações e pensar em suas conseqüências no futuro. Mas nem sempre isso é o melhor a fazer. Às vezes deixamos de viver momentos importantes por medo do que isso vai dar. Calma lá, não estou dizendo que devemos ser todos inconseqüentes. Mas quando se trata de sentimento, acho que não devemos deixar de demonstrar o que sentimos. Principalmente quando falamos dos bons sentimentos, claro.

Não é justo deixar de oferecer amor porque tememos não receber em troca ou porque achamos que mais tarde vamos deixar de sentir. É um processo natural. Mas e se der errado? Mas e se eu te fizer sofrer? Mas e se eu mudar de idéia? Como disse no título, o que “pode ser” que aconteça ainda não aconteceu, está no campo das possibilidades e se tivermos medo não vamos deixar que o natural aconteça. E aí o remédio vira veneno. Tanta precaução, ao invés de nos proteger e proteger ao outro, isola-nos da verdade, das emoções legítimas.

Hoje, voto pela tentativa antes da fuga do erro. Se for pra errar, que erremos e aprendamos com o erro. E não com a culpa póstuma por não ter vivido, sonhado e amado mais.